Boletim#13
IIª Mesa Preparatória: O Nome do Medo
Artista convidada: Rivane Neuenschwander
Cartel: Fátima Pinheiro, Flavia Corpas, Giselle Falbo, Paula Legey, Sarita Gelbert (mais um) e Thereza De Felice
Texto de apresentação da Preparatória
Por Fátima Pinheiro
Por que situar a arte neste momento preparatório às nossas Jornadas?
Podemos recorrer ao que já se sabe: dizer que arte é um instrumento de resistência. E, é mesmo, especialmente nesse tempo das necropolíticas vigentes. Ela é fundamental, também, por reavivar a relação existente entre nome e vida, uma vez que introduz uma poética, que é um modo de resistir à prosa do mundo contemporâneo, sustentada pelo império massificante da “utilidade direta”[1]. A arte opera bagunçando nossos hábitos, e circunscreve o mal-estar, ali onde ele aparece no laço com o outro. Introduz, assim, além da poética, a política, no aspecto mais caro a nós psicanalistas: a política do sintoma.
Convidamos, a artista Rivane Neuenschwander, para conversar conosco, a partir de seu trabalho “O Nome do medo”, a quem agradeço a presença em nome da diretoria da EBP Rio e do ICP – RJ, das Comissões das Jornadas deste ano, e do cartel, a qual faço parte, que coordenará nosso encontro hoje. Agradeço, também, à Tania Rivera, que possibilitou o nosso contato com Rivane. (Leia +)
Ressonâncias da II Preparatória: O Nome do medo
Por Maria Lídia Alencar
“a gente não sabe o lugar certo de colocar o desejo” (Pecado Original, Caetano Veloso)
A artista visual Rivane Neuenschwander esteve presente entre nós para falar de seu trabalho e de antemão define que, quanto a ela, seu ato como artista é uma via para aflorar o inconsciente. A artista, de projeção internacional – Veneza (2003/2005), S. Paulo (2006/2008), Londres (Tate Modern), MG (Inhotim), nos brindou com alguns comentários sobre as exposições “Eu desejo o teu desejo” e “Nome do medo”. Os trabalhos são produzidos coletivamente, mas surgem num movimento que vai do particular para o coletivo, em que os participantes escrevem, desenham, garatujam, e confeccionam nomes para o desejo e/ou para o medo. Ao longo dos anos, a artista se deu conta de que o nome desejos era impróprio, eram sombrios desejos, talvez fossem medos. Essa decantação dos nomes transformou a proposta, que passou a ser a de dar nomes ao medo. Camadas temporais, múltiplas, se enodam nos objetos construídos – desenhos se tornam croquis de capas a construir e portar, nos corpos, circulando pela cidade. Circulando pela cidade, as crianças, com suas capas, lançavam o singular no coletivo. (Leia +)
A arte resistência de Rivane Neuenschwander
Por Renata Martinez
A experiência de ouvir um artista falar de sua obra sempre me impressionou, seja pelos divinos detalhes antes escondidos, seja pelo efeito acrescido ao meu olhar sobre a obra. Adentrar a arte pela mão do criador tem para mim valor de descoberta! A conversa com a artista visual Rivane Neuenschwander na 2ª Preparatória para as XXVIII Jornadas da EBP Rio e do ICP-RJ, Os Nomes da Vida. Marcas da Pandemia, foi dessa ordem de acontecimento.
Logo no início de sua fala, apoiada pelas imagens das obras, surge o que me pareceu central: “os desejos vão invadindo a cidade e provocando fricções no discurso”. Rivane nos revela não só a potência de uma arte que sai da galeria e ganha o espaço do mundo, transformando-o, como também, a íntima relação entre singular e coletivo. Nessa obra em constante movimento, o desejo de um soma-se ao de vários e vice-versa; e, impressos em fitinhas coloridas do Sr. do Bonfim, espalham-se por aí. (Leia +)
Ressonâncias da II Preparatória: O Nome do medo
Por Carolina Dutra
Na II Preparatória para as XXVIII Jornadas Clínicas da EBP-Rio de Janeiro e ICP-RJ – Os nomes da vida. Marcas da pandemia, recebemos a artista visual Rivane Neuenschwander, que nos brindou com a apresentação de dois trabalhos de sua bela obra.
Ambas nomeadas a partir de canções de Caetano Veloso, em Eu desejo o seu desejo, explora o tema do desejo do outro numa instalação com centenas de fitinhas semelhantes às do Nosso Senhor do Bonfim que, entretanto, levam impressos os desejos de participantes coletados pela artista. A fitinha, que na tradição baiana é amarrada como um pedido de realização de um desejo próprio, transforma-se, com a artista, em um investimento no desejo do outro. Em O nome do medo expõe o resultado de um projeto onde realiza oficinas com crianças de idades diversas, em diferentes países, em que essas nomeiam os seus medos e desenham uma capa onde possam se abrigar, ou que tenha o poder de afugentá-los. Na etapa seguinte, as capas são confeccionadas em tamanho real para que as crianças possam vesti-las e levá-las consigo. O interesse da artista pela linguagem é notório, e embora as fitas e capas carreguem enunciados particulares, a travessia pela elaboração desses desejos e medos é coletiva, o que institui camadas diversas aos trabalhos, incluindo a dimensão política. (Leia +)
Ressonâncias da II Preparatória: O Nome do medo
Por Nina Machado
Fátima Pinheiro introduz o encontro do dia 25 de outubro com uma instigante questão: por que situar a arte nesse momento de preparatória para as Jornadas Clínicas? Pois ela é fundamental para reavivar a relação existente entre nome – os muitos nomes – e vida.
Nessa mesa preparatória, pudemos ter o prazer de escutar a artista Rivane Neuenschwander falar sobre seu enlaço com o desejo, com o medo, com a linguagem, com o singular (e os coletivos particulares que forma) e sobre muita coisa que a psicanálise nos coloca em questão, ainda que não estivéssemos escutando de uma psicanalista. O que começou como a exposição de dois trabalhos de arte visual de Rivane – Eu desejo o seu desejo e O nome do medo – foi se revelando em arte como forma de sobreviver à prosa do cotidiano, assim como a psicanálise também nos oferece em sua clínica e subversões. (Leia +)
Ressonâncias da II Preparatória: O Nome do medo
Por Viviane De Lamare
Na segunda mesa preparatória para as XXVIII Jornadas Clínicas da EBP Rio e do ICP-RJ – Os nomes da vida. Marcas da pandemia – a artista visual convidada Rivane Neuenschwander fala de sua obra – O nome do medo – e a conversação é coordenada pelo cartel formado por: Fátima Pinheiro, Flavia Corpas, Giselle Falbo, Paula Legey, Sarita Gelbert (mais um) e Thereza De Felice.
Desse encontro fica a pergunta: como a obra de Rivane ressoa para nós psicanalistas?
Rivane inicia falando de outro projeto – Eu desejo o seu desejo – realizado em 2003, como precursor ou impulsor deste. Desejos são escritos em fitas semelhantes as do Bonfim e expostas em uma galeria. Os visitantes podem levar as fitas que deixam o espaço da exposição para a cidade. Algo inesperado se dá, o público escreve em papel seu próprio desejo e agrega às fitas penduradas. O número de desejos se multiplica. Nesse projeto, segundo ela, seu interesse está nos enunciados, na frase, que pode formar um livro. A partir dos enunciados dos desejos, surge um lugar sombrio. O desejo esconde o medo. E o objeto do medo. O nome do medo. (Leia +)
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