Por Carolina Dutra
Na II Preparatória para as XXVIII Jornadas Clínicas da EBP-Rio de Janeiro e ICP-RJ – Os nomes da vida. Marcas da pandemia, recebemos a artista visual Rivane Neuenschwander, que nos brindou com a apresentação de dois trabalhos de sua bela obra.
Ambas nomeadas a partir de canções de Caetano Veloso, em Eu desejo o seu desejo, explora o tema do desejo do outro numa instalação com centenas de fitinhas semelhantes às do Nosso Senhor do Bonfim que, entretanto, levam impressos os desejos de participantes coletados pela artista. A fitinha, que na tradição baiana é amarrada como um pedido de realização de um desejo próprio, transforma-se, com a artista, em um investimento no desejo do outro. Em O nome do medo expõe o resultado de um projeto onde realiza oficinas com crianças de idades diversas, em diferentes países, em que essas nomeiam os seus medos e desenham uma capa onde possam se abrigar, ou que tenha o poder de afugentá-los. Na etapa seguinte, as capas são confeccionadas em tamanho real para que as crianças possam vesti-las e levá-las consigo. O interesse da artista pela linguagem é notório, e embora as fitas e capas carreguem enunciados particulares, a travessia pela elaboração desses desejos e medos é coletiva, o que institui camadas diversas aos trabalhos, incluindo a dimensão política.
Articulando o íntimo com o coletivo, incorporando o objeto de arte como objeto de transformação social, a artista tece em seus trabalhos nomeações possíveis. Tecitura que recolhe na arte esse entrelaçar entre desejo, medo e política, nomes da vida.