11 de agosto de 2021 | Boletim GPS

O corpo ainda mais estrangeiro

Sabrina Machado
Aluna do Curso Fundamental do ICP RJ, turma de 2021

 

 

 

Naparstek destaca um maior estranhamento com relação ao corpo, esse estranho que nos habita, durante a pandemia. Nesse momento, em suas palavras: o grande Outro se faz cada vez mais virtual, mais próximo do semblante, e o corpo se faz ainda mais estranho.

A vida virtual nos permitiu driblar um pouco os efeitos do isolamento, e os celulares, computadores e as redes passaram, de forma ainda mais acentuada, a serem utilizados como uma extensão do nosso corpo para a continuidade e produção de laços sociais. Segundo Naparstek, Lacan diz que a máquina teria apenas o simbólico e, a partir dessa premissa, constatamos que tais gadgets falhariam em reproduzir a experiência de corpo, na sua natureza de imagem, de significante e de substância gozante.

Com relação à imagem, por exemplo, nunca antes olhamos tanto para nós mesmos enquanto interagimos com outros como nos tempos atuais de reuniões virtuais. Já recebi piada (meme) com a seguinte mensagem: não se preocupe com a sua imagem no vídeo, todos estão olhando para si mesmos. Quais seriam outras diferenças ou falhas na experiência de corpo derivadas de certa primazia do virtual e quais os seus efeitos para os sujeitos e para o enlaçamento social?

Naparstek aponta esse maior estranhamento como um dos efeitos das novas experiências de corpo, bem como o surgimento de novas formas de gozo diante da dificuldade de se gozar como se gozava antes da pandemia. Para alguns, os modos de gozo funcionavam e a pandemia foi frustrante. Para outros, ocorreu justamente o contrário. É pouco provável, portanto, que continuemos a gozar como antes.

 

 

 

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