Sabrina Machado
Aluna do Curso Fundamental do ICP RJ, turma de 2021
Naparstek destaca um maior estranhamento com relação ao corpo, esse estranho que nos habita, durante a pandemia. Nesse momento, em suas palavras: o grande Outro se faz cada vez mais virtual, mais próximo do semblante, e o corpo se faz ainda mais estranho.
A vida virtual nos permitiu driblar um pouco os efeitos do isolamento, e os celulares, computadores e as redes passaram, de forma ainda mais acentuada, a serem utilizados como uma extensão do nosso corpo para a continuidade e produção de laços sociais. Segundo Naparstek, Lacan diz que a máquina teria apenas o simbólico e, a partir dessa premissa, constatamos que tais gadgets falhariam em reproduzir a experiência de corpo, na sua natureza de imagem, de significante e de substância gozante.
Com relação à imagem, por exemplo, nunca antes olhamos tanto para nós mesmos enquanto interagimos com outros como nos tempos atuais de reuniões virtuais. Já recebi piada (meme) com a seguinte mensagem: não se preocupe com a sua imagem no vídeo, todos estão olhando para si mesmos. Quais seriam outras diferenças ou falhas na experiência de corpo derivadas de certa primazia do virtual e quais os seus efeitos para os sujeitos e para o enlaçamento social?
Naparstek aponta esse maior estranhamento como um dos efeitos das novas experiências de corpo, bem como o surgimento de novas formas de gozo diante da dificuldade de se gozar como se gozava antes da pandemia. Para alguns, os modos de gozo funcionavam e a pandemia foi frustrante. Para outros, ocorreu justamente o contrário. É pouco provável, portanto, que continuemos a gozar como antes.