Por Vanda Assumpção Almeida
Fabián Fajnwaks, em nossa primeira preparatória sobre as próximas Jornadas da EBP-Rio/ICP-RJ –Nomes da Vida –, teceu, com a fineza que lhe é própria, os labirintos por onde se escrevem essas nomeações e, mais uma vez, se confirmou a responsabilidade que nós, analistas, temos em sustentar a psicanálise no mundo.
Fruto da nossa escuta, seu texto nos suscitou algumas ressonâncias, dentre elas destacamos: quais os efeitos nas subjetividades do esvaziamento das balizas simbólicas na civilização e do empuxo ao gozo, promulgado pelo não-todo do gozo feminino, aliado ao discurso da ciência e suas ofertas tecnológicas, que sugerem a possibilidade do tudo fazer, e, inclusive, tamponar o encontro com real dos sexos?
Estamos, assim, no campo fértil onde os arranjos florescem em meio ao discurso da ciência. Arranjos que se dão através de nomeações que visam ao novo e ao não normativo. A questão que se coloca é que essas novas nomeações provêm de arranjos, modalidades de gozo, de laço, pela via identitária, e não da identificação ao Outro. Portanto, são nomeações não oriundas da análise e do esvaziamento do lugar do Outro, onde o analisando forja um nome próprio de sinthoma, como nos diz Fabián.
Ainda, diante dessa perspectiva, mostra-se o quão imperioso é ocupar nosso espaço na cultura. Vimos uma crescente demanda de sujeitos, ainda crianças, que sequer chegaram à puberdade dizendo-se trans, numa “certeza precoce” da necessidade de transição. A questão que se coloca é, justamente, a demanda também precoce dos pais, que buscam a transição de sexo como modo de aliviar o sofrimento da criança. Respondendo à pergunta inicial, podemos afirmar que cada vez mais o discurso psicanalítico deve se fazer presente na busca de protocolos que deem lugar à dialética da fala em vez dos protocolos de bloqueio do desenvolvimento da puberdade, como disse Eric Laurent nas últimas Jornadas sobre a criança em Paris.