Ruth Helena Pinto Cohen e Maria Cristina Antonio Jeronimo
Chegamos ao despetra 7, na matemática é número ímpar, mas pode também significar único ou a “sétima arte”, no cinema. Número cabalístico, para os judeus, dia de descanso, relaciona-se também com sabedoria e reflexão.
Nossas Jornadas são clínicas e marcadas pela pluralidade que compõe uma Escola, na qual “todas as ações contribuem para o progresso do processo coletivo”.[1]
Nosso maior objetivo foi comunicar as informações e movimentar os discursos dos colegas que aqui depositaram suas palavras. Esta edição de despetra conta com dois vídeos, de Andréa Reis e Ondina Machado, comentando duas referências que pavimentam nosso percurso. Também Angela Bernardes e José Marcos Moura se debruçaram sobre o conceito da interpretação, os seus desdobramentos, numa tentativa de extrair pedras da interpretação, como José Marcos pontua em seu texto. Já Ana Beatriz Zimmermann Guimarães apresenta um texto resultado do trabalho no Seminário de Orientação Lacaniana no qual partimos dos textos “O Ser e o Um”, de Miller, e de “Trauma e acontecimento de corpo”, texto de Ram Mandil.
Anunciamos também o lançamento do livro O psicanalista e sua prática: casos e temas da clínica, organizado por Marcia Zucchi e Maria Silvia Hanna. A obra, resultado de dois anos de trabalho no Seminário Clínico da EBP-Rio, terá lançamento nas Jornadas.
Não deixe de conferir os Avisos da Comissão de Festas e Acolhimento e de garantir o seu ingresso para a festa Quebradeira!
Nossa sessão “No caminho…”, escrita por Elisa Werlang, também retoma A extração da pedra da loucura, de Hieronymus Bosch, ponto de partida de José Marcos Moura, sob outras perspectivas. E perfazendo um encontro rico entre a pintura, a poesia e, de alguma forma, com a psicanálise.
Nosso tempo é lógico e o momento de concluir ainda está por vir. Como o escultor, que trabalha per via di levare, ou seja, retirando da pedra tudo o que encobre a superfície da estátua, segundo Freud, em 1904-1905, continuamos nossa tarefa de trazer as informações sobre esse especifico “Acontecimento de Escola”, deixando aparecer o brilho, os vazios e os contornos dos fios que se trançam, entre Seção e Instituto, interpretados analiticamente. Ainda não é tempo de despedidas, nos encontraremos nos dias 4 e 5, na Fundação Cesgranrio. Por hora, apenas propormos uma pausa para a continuação dos trabalhos em breve com um singelo poema:
Uma pedra pode ser dura, pesada, um obstáculo.
Também pode ser pequenina, colorida, linda, um espetáculo.
Diante dela pode ser que eu me paralise ou eu faça uma sopa de pedras.
Com as pedrinhas da praia faço embaixadinhas, e lanço elas ao mar.
E as crianças se divertem imensamente com quase nada, apenas com pedras.
No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho, mas as vezes uma pedra é apenas uma pedra.
E num saber fazer, ali, algo se despetra.
Felipe Vianna Pinheiro
Continue acompanhando as XXXI Jornadas Clínicas pelo site e pelo Instagram jornadasebprioicprj