Marilena Leitão
Nessas XXXI Jornadas da EBP-Rio e do ICP-RJ, experimentei o que pode ser um real trabalho coletivo em psicanálise. Era clara a transformação, a mutação de um grupo de mais de 200 pessoas em um breve período de dois dias. Todos sendo penetrados pelo que se dizia, se entrevia, se aprendia e todos se surpreendiam e avançavam – a experiência de transmissão em um grande grupo de trabalho. E certamente muitas pedras foram tiradas do caminho de muitos.
Dessa vez escrevi uma vinheta clínica para falar, pela primeira vez, em uma programação das Jornadas. Apresentei-me nas Simultâneas. Essa decisão de apresentar uma “fala” me fez avançar no trabalho e desobstruiu um ponto de dificuldade. Finalmente atravessei um certo “impedimento de falar”. E nesse percurso de dois dias de Jornadas, como algo inédito, fui envolvida pelo efeito da psicanálise em uma imersão coletiva. Experimentei ter sido tocada em profundidade pela força do ensino que nos deixou Lacan e pela precisão de transmissão da EBP-Rio e do ICP-RJ. Saí transformada.
Durante todo o processo de preparação e apresentação das Jornadas, participei da Comissão de Livraria. Em um tropeço no meio do caminho, fraturei um osso do braço direito, mas mesmo engessada segui com a equipe e com a escrita da minha fala, como pude.
Ao final de tudo, já curada da fratura no osso e escrevendo esse pequeno texto, só então me dei conta de que a minha fala nas Simultâneas tinha por título: “No caminho do analisante, uma pedra. No caminho da fala, um osso”.