Maria Cristina Antonio Jeronimo
Ruth Helena Pinto Cohen
Saudamos o lançamento de abertura oficial das Jornadas Clínicas da EBP-Seção Rio de Janeiro e do ICP-RJ de 2024 dando notícias sobre um pouco do trabalho que a Comissão do Boletim realizou até aqui. O boletim é coordenado por Ruth Helena Pinto Cohen e por mim, Maria Cristina Antonio Jeronimo. Nossa comissão conta com as valiosas contribuições de Elisa Werlang, Elsa Neves, Felipe Pinheiro e Rodrigo Pedalini.
Iniciamos esse percurso às voltas com os significantes que marcarão nosso trabalho: palavra e pedra. Também foi importante para a comissão dar um passo atrás e revisitar e estudar os boletins anteriores, das últimas cinco jornadas que ocorreram antes desta. A palavra falada ou mesmo a silenciada, a não dita, que sempre nos é cara, move o nosso trabalho. E a pedra, elemento de construção que do latim petra (-ae) já significou discurso e razão, no pensamento grego, o mais profundo de um ser; hoje se impõe com protagonismo no nosso caminho.
O principal objetivo desses primeiros meses de trabalho foi batizar nosso boletim – despetra – escolhemos esse neologismo que produz estranhamento, um sem sentido e soa infamiliar. “Primeiro se estranha, depois entranha”.[1] O –des, usado como prefixo polissêmico, pode indicar negação ou reversão, dependendo do uso, remete à oposição, à falta, à separação ou a algo a fazer com a petra, que no latim e no grego significa rocha e, no uso freudiano, a da castração. É uma palavra inventada, que pode ser confundida com outras: despedra, desperta…
As petrificações e as despetrificações estão ofertadas no nosso dia a dia, seja pelas telas para avançar num game, seja nas adições sem limites, seja numa saga de um personagem de Harry Potter, cujas vítimas para serem vivificadas precisam de um exame detalhado para se transmutarem. Como podemos alcançar tal façanha, se, quando imersos no discurso do mestre, o que temos são corpos petrificados? Que recursos nos oferece o discurso analítico?
Aqui, todas as pedras nos interessam: a bruta, a lapidada, as abandonadas, as carregadas, aquelas que nos fazem parar, mas, sobretudo, as que indicam uma direção, mesmo que pareçam intransponíveis. As pedras têm furo, afinal, água mole em pedra dura…
despetra também trará novidades, além das informações das Jornadas, em uma seção final intitulada “No caminho…”. Essa parte final do boletim tentará inspirar a todos com poesias, músicas, lugares, coisas inusitadas. Pretendemos construir um chão de palavras e imagens, bom de trilhar, até as Jornadas Clínicas de 2024.
despetra, esse veículo de informação e debate, tem como tarefa tocar e trazer as pedras e as trilhas, os rastros, destas Jornadas, tentando despertar, separar, contornar e tangenciar o real, pela via simbólica, qual seja: noticiar e transmitir os produtos das ideias e discussões de todas as comissões que compõem essa empreitada das Jornadas Clínicas de 2024.