Camila Ventura
As XXXI Jornadas Clínicas da EBP-Rio e do ICP-RJ, intituladas A palavra e a pedra – interpretação em análise, inscreveram-se como uma experiência de transmissão despretensiosa, bem-humorada e rigorosa da psicanálise. As discussões giraram em torno de temas fundamentais, apelidados como “o feijão com arroz da clínica”.
A partir de trabalhos clínicos, tivemos recortes de casos que exemplificaram o que nos orienta. Vimos como a intervenção sobre o significante indigno pôde abrir novas possibilidades e relançar o sujeito, fazendo surgir o singular no capitão do mato. Partir do universal para o singular nunca fez tanto sentido quanto nos dias de hoje, quando o universal abafa o singular e o coletivo silencia vozes.
As invenções desfilaram ao longo desses dias, dos grupos de trabalho em torno das mesas simultâneas ao “grupo de trabalho do grupo de trabalho” (GT do GT). As trocas e agitações na plateia, os rostos que talvez não estivessem lá sem essa convocação, atentos, implicados e instigados pela orientação da psicanálise, sugerem o sucesso da ideia. A convidada Gabriela Grinbaum esbanjou simpatia e criou um clima de abertura e leveza, combinando os conceitos com uma abordagem acessível e dinâmica de uma prática viva. Revigorou-se o desejo do analista, frase que ecoou ao longo de toda a jornada.
Celebramos o encerramento das Jornadas com a festa “Quebradeira”, realizada na casa Cais da Imperatriz, uma bela construção que serviria de cocheira em 1956, na região da Gamboa, hoje toda restaurada tem grandes paredes de pedras e rochas que falam e nos contam o que ali foi enterrado. Dançamos e revisitamos nossa história, foi um fechamento lindo, alegre e dançante para esses dois dias de transmissão.