Ilusão nas loucuras, no amor e nos discursos

 

 

Marcia Zucchi

Boa noite a todos! Agradeço suas presenças reais e virtuais! Agradeço a Marina Recalde, querida amiga da Seção Rio e do ICP, por ter aceito o convite para participar desta abertura, e aos meus colegas desta mesa, em especial Maria Inês Lamy, diretora da EBP-RJ, e a todos que tem trabalhado incansavelmente para que estas Jornadas aconteçam. Cumprimento a todas e todos através das coordenadoras das Jornadas, Sarita Gelbert, Dinah Kleve e Francisca Menta.

Vamos ao nosso tema: Em um sentido psicanalítico, o conceito de ilusão refere-se à distorção da realidade ou à criação de falsas percepções. As ilusões podem assumir as formas de crenças, fantasias ou interpretações equivocadas, e muitas vezes servem como defesas para proteger o indivíduo de verdades dolorosas ou desconfortáveis.

Freud explorou o papel da ilusão na psique humana propondo que as ilusões são o resultado de desejos inconscientes, servindo para satisfazer necessidades e reduzir conflitos internos.  As ilusões permitem a satisfação parcial dos desejos não realizados bem como o tratamento da angústia, fornecendo uma sensação de conforto, embora temporário ou falso, ainda que pela distorção da realidade para se alinhar aos desejos e crenças do sujeito.

Bem, até aqui eu os “iludo” (menos quanto aos agradecimentos…), não escrevi uma linha sequer desses dois parágrafos acima. Quem o fez foram os robôs do Chat GPT.  Cabe aqui a expressão “quem”? Será que posso me referir a eles como “alguém”? Talvez sim, já que seus programadores estão ali por trás, mas esse resultado foi uma randomização da própria máquina em duas ou três tentativas minhas ao insistir com a pergunta “O que é a Ilusão para a psicanálise?”. Será que se trata de uma ilusão contemporânea essa de que falamos com as máquinas e elas nos respondem?! Nos confundimos com elas? Esse é nosso futuro? Perguntas dos tempos que correm…

A associação entre a tecnociência e o discurso capitalista nos emprenha de ilusões. Nossos gadgets, que hoje adoramos talvez tanto quanto a nossos corpos. Aliás, eles fazem parte de nossos corpos, nos fornecendo uma gama insuperável de ilusões e de pseudo-satisfações – quem resiste a uma boa dose de Instagram? Saia sem celular e viva a experiência do desamparo. Aliás, desamparo que é o sentimento que Freud observou na base das ilusões. Especialmente como defesa, no caso do sentimento religioso.

Poderíamos falar aqui por horas sobre esse tema, mas vou me restringir aos meus cinco minutos e me servir deles para salientar a importância do tema escolhido para essas Jornadas. Num momento onde estamos nos defrontando com mais um dos muitos ataques à nossa prática da psicanálise (que se estende pelos últimos 130 anos), ataques às nossas pesquisas e ataques à nossa clínica (reduzindo-as, como no final do século XIX, ao campo da sugestão e das “bobagens” – outros nomes da ilusão), nosso trabalho nestas Jornadas será o de resgatar a dignidade e o valor das ilusões para a teoria, para a clínica e para a vida dos seres falantes – como vocês poderão observar nos excelentes argumento geral e nos argumentos dos eixos.

Nesse sentido, aproveito aqui para convidar, mais uma vez, toda a comunidade do ICP-RJ a se engajar no trabalho de pesquisa sobre o tema “Ilusão nas loucuras, no amor e nos discursos”. Aproveito, também, para já divulgar os dois cursos que o ICP oferecerá nas Jornadas. Eles ocorrerão na própria UERJ, um imediatamente após o outro, no mesmo auditório:

  • Ilusões nas loucuras

Ministrado por José Marcos Moura (EBP-AMP) e Paula Borsoi (EBP-AMP). Sexta-feira, dia 24 de novembro, das 9h às 10h20.

  • Ilusão no amor

Ministrado por Ana Lucia Lutterbach Holk (EBP-AMP) e Thereza De Felice (Associada do ICP-RJ). Sexta-feira, dia 24 de novembro, das 10h40 às 12h.

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