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◼Editorial
Nesta edição, é com prazer que prosseguimos com a série “Bibliografia comentada”. Renata Bondim faz a leitura do trecho de Freud elencado para este número de Moinhos e, a partir dele, Mirta Zbrun compartilha conosco algumas balizas importantes ao nos depararmos com o tema de nossas jornadas, compondo um pachtwork de perguntas a serem ecoadas e a fim de servirem como inspiração durante o trabalho de cada uma e de cada um acerca do assunto.
◼ Bibliografia comentada
“O que permanece característico da ilusão é a derivação de desejos humanos, e nesse aspecto ela se aproxima da ideia delirante na Psiquiatria, mas também se aparta dela, sem considerar a construção mais complicada da ideia delirante. Na ideia delirante destacamos como fundamental a contradição com a realidade; a ilusão não precisa necessariamente ser falsa, isto é, ser irrealizável, ou estar em contradição com a realidade.”, escreve Feud.
Sobre as ilusões na clínica psicanalítica: que se diz, que se ouve, que se interpreta?
Mirta Zbrun
Quando se fala de ilusões também se vive! Confirma-se que elas não precisam ser falsas, irrealizáveis ou em contradição com a realidade, como escreve Freud no parágrafo citado acima, pois o que permanece característico da ilusão é a derivação de desejos humanos. Desse modo, ela se aproxima da ideia delirante considerada pela psiquiatria, porém, é interessante observar como que, para Freud, ela se afasta da psiquiatria por considerar a construção mais complicada que a ideia delirante. E ele ainda assinala que na ideia delirante destacamos como fundamental a contradição com a realidade. E para notar uma ideia sobre o tema da ilusão, Freud observa que a ilusão não precisa necessariamente ser falsa, isto é, ser irrealizável ou em contradição com a realidade.
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Outros ventos
As questões trazidas por Mirta apoiam-se no trecho do “Futuro de uma ilusão” em que Freud discorre sobre as possíveis relações entre ilusão, alucinação e erro. Somos lembrados de que a ilusão difere do erro por partir de um desejo. E esse movimento do desejo, da satisfação apenas parcial das pulsões e que relança o próprio desejo, nos remete à mariposa voejante presente na canção “Quimera”, de Jorge Drexler.
E, ao mesmo tempo em que a quimera tem um quê de sonho, de idealização, de invenção e de ilusão, também pode se referir a um monstro da mitologia grega que é composto de partes, digamos, inusitadas: cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente. Partes que, em princípio, não teriam nada a ver umas com as outras, mas que juntas criam esse quadro surrealista. Tal como a imagem que Lacan nos traz, no Seminário 11, da montagem da pulsão – sem a qual não há desejo: “creio que a imagem que nos vem mostraria a marcha de um dínamo acoplado na tomada de gás, de onde sai uma pena de pavão que vem fazer cócegas no ventre de uma bela mulher que lá está incluída para a beleza da coisa” (LACAN, 2008, p. 167).
Aproveitem a música e até a próxima edição!
https://www.youtube.com/watch?v=VJUBMbUSxjg&ab_channel=JorgeDrexler
Venham conhecer o site das 30as Jornadas!
https://jornadasebprioicprj.com.br/2023/
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