◼
◼Editorial
Dando sequência à série “bibliografia comentada”, o Moinhos #11 nos brinda com o texto de Maricia Ciscato, “Ato de poesia”, comentando uma passagem do Lacan extraída do Seminário 20.
O vídeo a seguir apresenta a leitura de Dinah Kleve do trecho em questão. Clique aqui.
◼Bibliografia comentada
Ato de poesia
Por Maricia Ciscato
“A contingência, eu a encarnei no ‘para de não se escrever’. Pois aí não há outra coisa senão encontro, o encontro no parceiro dos sintomas, dos afetos, de tudo que, em cada um, marca o traço do seu exílio, (…), do seu exílio da relação sexual. Não é o mesmo que dizer que é somente pelo afeto que resulta dessa hiância que algo se encontra (…) que, por um instante, dá a ilusão de que a relação sexual ‘para de não se escrever’?” (…) Todo amor, por só subsistir pelo ‘para de não se escrever’, tende a fazer passar a negação ao ‘não para de se escrever’, não para, não parará. Tal é o substituto que (…) constitui o destino e também o drama de todo amor.” (Lacan, J. Seminário 20, Zahar 1985, pp 198-99)
Sob demanda da coordenação da comissão científica das nossas 30as Jornadas, me deparei com esse trechinho de Lacan no Seminário 20, enviado a mim para tecer um breve comentário, algo rápido. Com o pouco tempo em jogo, eu não poderia me debruçar na leitura do capítulo todo, desdobrada em textos de apoio e outros autores, como seria meu modo comum de operar diante do compromisso de leitura de um texto de Lacan. Como responder então? Li por diversas vezes o trechinho, em momentos diferentes, ao longo dos três dias de que dispus, incluindo o final de semana. Deixei as frases ressoando em outras leituras que venho fazendo, deixei que trabalhassem por conta, as leituras em mim. Não, não seria eu a interpretar o trechinho. Seria ele a me interpretar.
◼Leia mais
◼Outros ventos
A seção “Outros ventos” traz “Poesia”, texto inédito de Elisa Addor, cantora, compositora e poeta, que faz ressoar o texto de Maricia Ciscato.
Poesia
Elisa Addor
Tenho tocado pessoas
Mãos dadas
Bocas – ar
Sons
Consentidos
Sem sentido
Não consigo encontrar sem realmente
Trocar
Em cada toque troco
Um pedaço por outro
Uma energia anímica
Química
Física
Biologia
Quando chego ao fim
Viro poesia
|